Rio inicia pesquisa nacional com vacina contra a dengue em adultos

Ministério da Saúde, Prefeitura do RJ e Fiocruz vão aplicar vacina da dengue em 20 mil voluntários de 18 a 40 anos residentes em Guaratiba

Moradores de Guaratiba que se voluntariam recebem doses da vacina contra a dengue (Fotos: Edu Kapps / SMS-Rio)
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Vinte mil pessoas, entre 18 e 40 anos de idade, residentes em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e com cadastro ativo em uma das 10 unidades locais de Atenção Primária da região, poderão participar como voluntárias de uma ampla pesquisa sobre a nova vacina contra a dengue.Ministério da Saúde inicia, nesta sexta-feira (16), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, um estudo para avaliar a efetividade da vacina na população adulta.

Como parte do conjunto de ações estratégicas para o enfrentamento das arboviroses e do aumento de casos de dengue no Brasil, o estudo tem como objetivo comparar a incidência de infecção sintomática de dengue em um grupo vacinado com a incidência entre não vacinados. Com isso, será possível medir a efetividade do imunizante na prevenção de casos sintomáticos de dengue por qualquer sorotipo.

O estudo, realizado vai oferecer novas evidências científicas para subsidiar a tomada de decisão na vacinação dos demais públicos aprovados pela Anvisa, da faixa etária de 4 a 60 anos. A proposta foi apresentada ao governo federal pela Secretaria de Saúde do município que, por sorteio, selecionou os meses de nascimento maio, agosto, outubro e novembro como critério de definição dos participantes.

Estudo no Rio servirá de referência internacional

A secretária nacional de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente, Ethel Maciel, ressaltou que o estudo de Guaratiba vai auxiliar o Ministério da Saúde na tomada de decisão para ampliação de faixa etária, que no momento, para a vacinação nacional, contemplará a população de 10 a 14 anos.

“O estudo vai auxiliar também a Organização Mundial da Saúde (OMS), pois as evidências científicas que serão geradas aqui no Brasil poderão influenciar na tomada de decisão em nível internacional. Essa é a faixa etária em que temos o maior número de casos no Brasil e no mundo.”

O infectologista José Cerbino Neto, que coordena o estudo de Guaratiba e também conduziu o trabalho realizado na Ilha de Paquetá (“PaqueTá Vacinada”) em 2021, lembrou que, nas avaliações da vacina realizadas tanto pela OMS quanto pelo Ministério da Saúde, e que embasaram sua incorporação no Programa Nacional de Imunização (PNI), houve a recomendação para a realização de estudos de larga escala com a vacina.

“O objetivo dessa pesquisa é gerar novas evidências científicas sobre a vacinação contra a dengue e verificar a efetividade e a segurança da vacina no contexto da nossa população, que já teve contato com os vírus da dengue, da zika e da chikungunya”, explica.

O diretor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI), Eder Gatti, destacou que o Brasil é o primeiro país do mundo a utilizar essa vacina, essa tecnologia, numa estratégia de saúde pública. “O mundo inteiro está olhando para o que estamos fazendo”, completou.

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, lembrou que esta já é uma vacina reconhecida pela Anvisa, já foi testada e teve sua eficácia comprovada. No estudo em Guaratiba, a ideia é “quantificar essa eficácia e observar como essa vacina vai se comportar nas características da população brasileira”.

“Esses estudos são importantes sempre que uma vacina nova é introduzida. Em 2021, por exemplo, fizemos pesquisas semelhantes na Ilha de Paquetá e na Maré com a vacina contra a covid-19 e, graças às evidências que levantamos, pudemos colaborar com a tomada de importantes decisões sobre a introdução de doses de reforço”, disse.

Região é historicamente afetada pela dengue

A região de Guaratiba tem cerca de 67 mil moradores na faixa etária cadastrados na Atenção Primária e foi escolhida para o estudo pelo histórico de registrar muitos casos da doença. Como a pesquisa trabalhará com 20 mil pessoas, foi adotado como critério de definição dos participantes o  mês de nascimento. Os moradores de Guaratiba, Barra de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Ilha de Guaratiba nascidos nos quatro meses sorteados estão aptos a participar da pesquisa. 

Não poderão participar as pessoas que estiverem gestantes ou amamentando, se tiverem contraído dengue nos últimos seis meses, se tiverem problemas de imunodepressão ou se receberam hemoderivados nos últimos três meses.  A aplicação da vacina será feita de forma escalonada e os primeiros a serem atendidos serão os usuários elegíveis cadastrados no CMS Mourão Filho, no bairro de Barra de Guaratiba.

Foi realizado um sorteio e selecionados os meses de maio, agosto, outubro e novembro. Assim, os moradores da região de Guaratiba (bairros de Guaratiba, Barra de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Ilha de Guaratiba) com idades entre 18 e 40 anos nascidos nos quatro meses sorteados estão aptos a participar da pesquisa.

Não poderão participar moradores que estiverem gestantes ou amamentando, se tiverem contraído dengue nos últimos seis meses, se tiverem problemas de imunodepressão ou se receberam hemoderivados nos últimos três meses. A relação das pessoas elegíveis a participar da pesquisa (data de nascimento, iniciais dos nomes e cinco primeiros números do CPF) está publicada neste link. A participação é voluntária.

Participantes passarão por exames e serão acompanhados

A vacinação no CMS Mourão Filho, para os usuários elegíveis cadastrados na unidade, seguirá até o dia 23 de fevereiro. No dia 24 iniciará em outras unidades da região. O cronograma com as datas em que cada unidade será contemplada será divulgado posteriormente.

A aplicação da vacina será feita de forma escalonada e os primeiros a serem atendidos serão os usuários elegíveis cadastrados no CMS Mourão Filho, no bairro de Barra de Guaratiba.  Antes de iniciar a imunização, os participantes preencherão o formulário de consentimento, responderão a um questionário com dados de saúde e farão um exame de sorologia, que determinará quais deles já tiveram contato com algum sorotipo do vírus da dengue.

vacina será aplicada em esquema de duas doses com intervalo de 90 dias entre elas, totalizando 40 mil doses. A aplicação da primeira dose corresponde à etapa inicial do estudo. Na segunda fase, os participantes completarão o ciclo de imunização exatos três meses após receberem a primeira dose.

Os voluntários serão acompanhados mensalmente por meio eletrônico, para monitoramento ativo, ao longo dos próximos dois anos, tempo de duração total da pesquisa. Neste período, os participantes serão acompanhados e os cientistas colherão informações de casos, hospitalizações e óbitos para observar a diferença de comportamento do vírus entre vacinados e não vacinados.

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Outras pesquisas desenvolvidas sobre a vacina

A ação se associa ao estudo já desenvolvido na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, desde 3 de janeiro, e também a uma pesquisa nacional de efetividade vacinal, desenvolvida pela Fiocruz Bahia, além de outros estudos em fase de análise pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.

A parceria entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura do Rio de Janeiro envolve também pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), sob a coordenação do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas.

O Ministério da Saúde desenvolveu, ainda, uma estratégia de farmacovigilância ativa, cruzando dados de notificação de dengue dos sistemas de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), de Informações Hospitalares (SIH) e de Informação sobre Mortalidade (SIM) com os dados individualizados de vacinação.

A pasta conta com laboratórios de referência para identificar e sequenciar os sorotipos do vírus da dengue, como os do Instituto Evandro Chagas, da Fiocruz e do Instituto Adolfo Lutz. 

Acesse a página da campanha Combate ao Mosquito

Sobre a vacina Qdenga

Fabricada pelo laboratório japonês Takeda, a vacina Qdenga foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec), do Ministério da Saúde, e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), e começou a ser distribuída a mais de 500 municípios para aplicação, inicialmente, em crianças de 10 a 14 anos.

Ela é feita com o vírus vivo atenuado e interage com o sistema imunológico de modo a provocar uma resposta semelhante à gerada pela infecção natural. O imunizante confere proteção contra os quatro subtipos do vírus da dengue existentes (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4) e por isso deve ser aplicado inclusive em quem já teve a doença.

Com informações do Ministério da Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro

 

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